Este material tem por objetivo
apresentar um pouco da história de Lev Semenovich Vygotsky e de sua obra Teoria
Sócio-histórica.
Nasceu na cidade de Orsha, próximo a Mensk, capital de Bielaus, país da
hoje extinta União Soviética, em 05 de novembro de 1896.
Teve uma formação multidisciplinar:
formou-se em Direito, atuou como professor de Artes e Literatura, mais tarde
aprofundou seus estudos na área de Psicologia, trabalhando com deficientes e
formou-se ainda em Medicina, tendo dirigido o Departamento de Psicologia do
Instituto Soviético de Medicina Experimental.
Para ele, o desenvolvimento mental é o
processo de assimilação ou "apropriação" da experiência acumulada
pela humanidade no decorrer da história social. No decorrer da História, os
homens, governados por leis sociais, desenvolveram características mentais
superiores. Milhares de anos de história social produziram mais a esse respeito
do que milhares de anos de evolução biológica. As conquistas do desenvolvimento
social foram gradualmente acumuladas e transmitidas de geração em geração.
Assim se consolidaram e se tornaram um patrimônio da humanidade.
Um pouco da sua teoria
Para Vygotsky, o desenvolvimento mental é o
processo de assimilação ou "apropriação" da experiência acumulada
pela humanidade no decorrer da história social. No decorrer da História, os
homens, governados por leis sociais, desenvolveram características mentais
superiores. Milhares de anos de história social produziram mais a esse respeito
do que milhares de anos de evolução biológica. As conquistas do desenvolvimento
social foram gradualmente acumuladas e transmitidas de geração em geração.
Assim se consolidaram e se tornaram um patrimônio da humanidade.
Desde o seu nascimento, a criança está
rodeada de um mundo objetivo criado pelo homem, ou seja, alimentos, vestuários,
instrumentos e a linguagem, que reflete as proposições, os conceitos, as ideias;
consequentemente, o desenvolvimento mental da criança inicia-se em um mundo
humanizado. Todas as suas relações com o ambiente, mesmo com os fenômenos que a
circundam, mas apropria-se deles.
O processo de apropriação é muito diferente
do processo de adaptação. A adaptação é uma mudança dos comportamentos e
capacidades em função das exigências do ambiente.
A apropriação é um processo que tem como consequência
a reprodução, pelo indivíduo, de qualidades, capacidades e características
humanas de comportamento. É um processo de absorção e transformação, pelo
indivíduo, das conquistas do desenvolvimento da espécie.
Nos processos de interações sociais
criam-se os sistemas de signos (a linguagem, a escrita, o sistema de números) e
os instrumentos (os objetos que usa para transformar a natureza). Para ele uma
função psicológica superior ou de comportamento complexo difere do elementar
mediante a existência de um processo de internalização, que é a reconstrução
mental de uma ação realizada externamente. Este processo ocorre em três etapas:
em um primeiro momento a fala acompanha as ações e reflete uma forma de
raciocínio disperso e caótico; em um estágio posterior a fala se desloca cada
vez mais na direção do início do processo de resolução até que, finalmente, e
de modo gradual, começa a preceder a ação, e à medida que a função planejadora
da fala se desenvolve, a criança adquire independência em relação ao seu
ambiente concreto e imediato.
Para ele, o desenvolvimento cognitivo é um
processo contínuo de aquisição de controle ativo sobre a percepção, memória e
atenção. Esse controle é adquirido a partir da interação verbal com os adultos.
A criança, por exemplo, encontra a
linguagem no mundo que a rodeia. A linguagem é um produto objetivo da atividade
das gerações humanas precedentes. No processo de desenvolvimento a criança
apropria-se da linguagem. Isso significa que, na criança, formam-se capacidades
especificamente humanas.
Como Piaget, Vygotsky dá ênfase à ação na
produção das categorias (classificação e seriação) com as quais a razão opera.
No entanto, diferentemente de Piaget, ele dá fundamental importância à
linguagem na construção da mente.
Opondo-se ainda a Piaget quanto à
existência de processos internos e quanto ao desenvolvimento espontâneo dos
processos mentais. Ele enfatiza as origens sociais do pensamento. O pensamento
forma-se e evolui com o contato social, ou seja, nas interações grupais. Nos
processos de interações sociais criam-se os sistemas de signos (a linguagem, a
escrita, o sistema de números) e os instrumentos (os objetos que usa para
transformar a natureza). A internalização dos sistemas de signos provoca
transformações comportamentais e estabelece o elo de ligação entre as formas
iniciais e avançadas do desenvolvimento cognitivo. Portanto, os processos
socioculturais tornam-se parte da natureza psicológica de cada pessoa.
É importante salientar que ele não era
adepto da teoria da aprendizagem baseada na associação estímulo-resposta. Para
ele o ser humano não é passivo no processo de aprendizagem. Ele acreditava no
processo de mediação nas formas superiores de comportamento (percepção,
memória, atenção), isto é, cada indivíduo assimila a realidade de acordo com a
sua organização mental prévia, e modifica essa realidade agindo sobre ela a partir
desse processo de assimilação. Ao assistir a um filme, cada indivíduo seleciona
uma mensagem, de acordo com sua organização mental.
A atividade humana, de fato, se caracteriza
para ele como atividade mediada por instrumentos que são o resultado da
história da humanidade e do desenvolvimento do indivíduo. Esses instrumentos
podem ser materiais, enquanto meios de trabalho para dominar os processos da
natureza, ou a linguagem enquanto meio de comunicação social. Sem estes instrumentos
não existe o homem: somente através do seu uso crescem no indivíduo e na
espécie as funções psíquicas superiores. Esses instrumentos mediadores,
auxiliares, não surgem sozinhos ao longo do desenvolvimento individual, na
ontogênese, mas na filogênese, como produto social da cooperação dos homens
entre si.
No indivíduo, as funções nascem nas
relações Inter psíquicas (entre os homens) e somente depois tornam-se
intrapsíquicas, internas ao indivíduo. Esta concepção atribui necessariamente
um papel essencial não somente à linguagem, mas também à educação e ao
trabalho, isto é, ao uso dos instrumentos auxiliares na educação. Para
Vygotsky, o trabalho, que muda profundamente o caráter da adaptação humana em
relação à natureza, traz também modificações no comportamento humano. Ele
afirma que a educação tradicional, que mantém as crianças longe do trabalho,
não lhes permite manifestar e desenvolver as faculdades criativas fora do campo
da arte.
É esta a sua "concepção
sociocultural" da consciência, que não é mais um fato puramente
individual, e, junto com ela, a sua convicção da passagem histórica e do
acréscimo da biologia à psicologia e à pedagogia, isto é, do crescer do ser
humano puramente biológico a ser histórico, social, pensante e comunicante com os
outros homens.
Para Vygotsky, a individualidade e a
personalidade crescem sobre a base da sociedade. Transferindo para a
psicopedagogia, isso se traduz numa formula aparentemente óbvia: a existência
na criança de uma "zona de desenvolvimento potencial". Ela é dada
pela divergência entre nível das tarefas executadas sob a guia e com a ajuda
dos adultos, e o nível das tarefas realizadas autonomamente pela criança. Esta
fórmula é considerada por Vygotsky como uma virada decisiva nas relações
instrução-desenvolvimento, e que muda radicalmente o modo tradicional de
abordar o problema da ação pedagógica. Nesta perspectiva, a tarefa da escola é
a transformação do estado atual de desenvolvimento do educando A conclusão
pedagógica evidente, de acordo com Vygotsky, é que o compromisso fundamental da
instrução é a criação de uma área de desenvolvimento potencial. Esta área é
presente, portanto, deve ser estimulada em cada momento do desenvolvimento
individual, que, segundo Vygotsky, atravessa quatro fases. Ele aceita, de fato,
das escolas pedagógicas contemporâneas, a existência de três estruturas ou
estágios:
1. a primeira ou primitiva (imediata,
sensorial ou sincrética), que é a fase das reações incondicionadas aos
estímulos-objetos. Os conceitos empregados pela criança no ato de pensar não
são determinados pela estrutura lógica dos mesmos, mas pelas suas lembranças de
ações, de pessoas, de objetos. Todos os seus conceitos apresentam um caráter
sincrético. As palavras, para as crianças, são rótulos de experiências que
estão registrados em sua memória. Pessoas e objetos podem ser representados
pelas mesmas palavras porque, na sua experiência cotidiana, elas ocorrem juntas
ou foram relacionadas.
2. a segunda fase (evidente-situacional),
que, com a liberdade da reação aos estímulos-signos, permite um primeiro
domínio do comportamento. Nesta fase subsequente a criança já começa a agrupar
objetos a partir de um único atributo, como, por exemplo, cor, forma, tamanho.
No entanto, ao fazer as sucessivas comparações ela esquece o atributo que havia
destacado e o substitui por outro. Consequentemente, um mesmo grupo pode ter
objetos diferentes. Esses conceitos foram denominados de complexos.
3. a terceira fase (lógico-conceptual), em
que o posterior uso dos signos leva a distinguir as reações intelectuais como
uma classe diferente da anterior. Neste período, a memória passa a ser um
processo de lembrança que se molda a uma estrutura lógica. Os dados são armazenados
dentro de categorias que tem maior grau de abstração e generalização. O
reconhecer passa a ser a descoberta daquele elemento que a tarefa exige que
seja encontrado. No entanto, mesmo depois de ter aprendido a produzir
conceitos, o adolescente não abandona as formas mais elementares (conceitos
sincréticos e complexos). Elas continuam a existir e, por muito tempo, são
predominantes em várias áreas de seu pensamento.
Vygotsky não falou apenas de três, mas
quatro estágios fundamentais do desenvolvimento do comportamento, para que a
psicologia se libertasse do cativeiro da biologia e se tornar-se humana. O seu
ponto de partida foi, portanto, a assunção de um quarto estágio de
desenvolvimento do comportamento, que usando os termos da velha psicologia, ele
denominou de "vontade". Para esclarecer melhor a importância desta
sua descoberta da "vontade" como momento superior da evolução
psicológica (isto é, como objeto da psicologia da idade evolutiva), ele
acrescentou que o fato de o homem ter uma liberdade extremamente ampla na
execução intencional de qualquer ação é algo de muito superior ao seu
intelecto.
A posição de Vygotsky com relação à universalidade dos estágios
Vygotsky argumenta que, à medida que a
sociedade se torna mais complexa, a linguagem fica mais sofisticada. Dessa
forma, as operações e as categorias de pensamento usadas por uma pessoa para
descreve suas experiências diferem de indivíduo para indivíduo (dependendo do
grau de escolaridade) e de cultura para cultura (de acordo com a complexidade
das relações sociais estabelecidas).
Nesse sentido é que Vygotsky se opões à
Piaget quanto à universalidade dos estágios. Para ele, o desenvolvimento
cognitivo é um processo contínuo de aquisição de controle ativo sobre a
percepção, memória e atenção. Esse controle é adquirido a partir da interação
verbal com os adultos.
Ele acredita que o desenvolvimento é um
processo complexo, caracterizado pela periodicidade e desigualdade no
desenvolvimento de diferentes funções. O início de tudo são as respostas
adaptativas mais básicas, tais como reflexos condicionados e incondicionados.
Logo em seguida esses comportamentos deixam de ser predominantes. Aparecem os
comportamentos superiores que se desenvolvem nas relações sociais.
Como o ambiente afetivo de cada pessoa é um
produto da interação entre as características do indivíduo e das oportunidades
oferecidas pelo seu meio ambiente real, não pode haver uma universalidade no
desenvolvimento. Embora possa haver padrões de comportamento comuns para determinadas
faixas etárias, para cada indivíduo o estágio representa um momento no processo
de internalização e transformação das várias experiências oferecidas pela
sociedade. Por tanto, não se pode pensar em períodos bem definidos nesse
processo, ou seja, a existência de estágios. Essa última hipótese implicaria
dar maior ênfase a fatores biológicos na formação da mente.
Palavras chaves utilizadas
- Sociabilidade do homem
- Interação social
- Signo e Instrumento
- Cultura
- História e
- Funções Mentais Superiores
Bibliografia utilizada
BAQUERO, Ricardo. Vygotsky e a
aprendizagem escolar. Porto Alegre, Artes Médicas, 1998.
VYGOTSKY, L. A formação social da
mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.
VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 496 p
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